Nem todo consumo é igual: práticas de beber e fumar de estudantes de Medicina nos contextos de lazer noturno
Nome: HELOISA HERINGER FREITAS
Data de publicação: 05/08/2025
Orientador:
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Papel |
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LIANA ABRAO ROMERA | Orientador |
Banca:
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Papel |
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ANA CAROLINA CAPELLINI RIGONI | Examinador Interno |
ELENA GERVILLA GARCIA | Examinador Externo |
HÉLDER FERREIRA ISAYAMA | Examinador Externo |
LIANA ABRAO ROMERA | Presidente |
ZILA VAN DER MEER SANCHEZ DUTENHEFNER | Examinador Externo |
Resumo: Esta tese teve como objetivo investigar se e como estudantes de medicina consomem drogas em seus momentos de lazer noturno. O estudo parte da recusa à homogeneização dos usos, propondo uma análise que reconhece a diversidade presente nos consumos, a partir da abordagem da Teoria da Prática Social (TPS). Esse movimento permite compreender o uso de drogas não como um comportamento de risco ou uma escolha individual, mas como uma prática situada, relacional e socialmente aprendida.
Metodologicamente, adotou-se uma abordagem qualitativa, articulando observação participante e registros de campo em festas universitárias e outras vivências de lazer, além de entrevistas semiestruturadas com estudantes de medicina, com idades entre 21 e 30 anos, de uma universidade localizada na capital capixaba. A análise dos dados seguiu os princípios de codificação de Saldaña, com o auxílio do software ATLAS.ti 23 para a organização e visualização das informações. Os resultados e análises estão estruturados em três artigos que tratam: 1) das saídas noturnas dos jovens para bares e festas e do consumo de álcool nesses contextos; 2) das práticas de beber em festas open bar; e 3) da prática de fumar. Notou-se que quando saem para o lazer noturno as práticas de beber apresentam diferentes formas e significados, com o "esquenta", que visa à economia de
recursos financeiros associada ao alcance de um nível alcoólico que possibilite desfrutar dos eventos subsequentes. Durante o evento principal da noite, com a gestão do consumo ao longo da noite e, por vezes, no after party, quando decidem prolongar a diversão. Em relação às festas open bar, esses espaços-tempos são tidos como locais de pertencimento e sociabilidade, onde o consumo excessivo de álcool é socialmente aceito e, por vezes, esperado. Há elementos nesses espaços-tempos que fomentam performances de consumo distintas daquelas de quando saem para bares. O estudo também evidencia o ato de fumar entre estudantes de Medicina como uma prática socialmente constituída, seja de cigarro tradicional, vape (cigarro eletrônico) ou maconha, e que se manifesta de diferentes formas a depender das especificidades dos espaços. O consumo de produtos fumáveis varia entre regular e ocasional entre os jovens, estando frequentemente associado à sociabilidade e à regulação emocional, além de ser comumente combinado ao consumo de álcool, especialmente nos contextos de lazer. Ao propor que práticas são entidades sociais compostas por significados, materiais e competências, a TPS permite evidenciar as interações entre práticas de lazer, sociabilidade e consumo, revelando um ecossistema dinâmico no qual os jovens estão inseridos. Esta pesquisa reafirma a importância de abordagens qualitativas para compreender as experiências de consumo. As práticas de beber e fumar, analisadas pela ótica da Teoria da Prática Social, mostram-se complexas e multifacetadas. Isso desafia explicações simplistas e aponta para a necessidade de políticas públicas mais conectadas com a realidade dos jovens. Compreender como e por que essas práticas se integram ao cotidiano é fundamental para a construção de estratégias mais eficazes de prevenção e cuidado para esse público.
Palavras-chave: drogas; álcool; fumar; lazer noturno; universitários; curso de medicina