Cidade, corpos e sensibilidades: estratégias e táticas na formação do cidadão republicano em Vitória (1908-1912)
Nome: MICHEL BINDA BECCALLI
Data de publicação: 08/05/2025
Banca:
Nome![]() |
Papel |
---|---|
ANDREA BRANDAO LOCATELLI | Examinador Interno |
IVAN MARCELO GOMES | Examinador Interno |
MARCELA BRUSCHI | Examinador Externo |
OMAR SCHNEIDER | Presidente |
TARCÍSIO MAURO VAGO | Examinador Externo |
Resumo: A tese analisa as relações entre cidade, corpos e sensibilidades por meio das estratégias e táticas envolvidas na formação do cidadão republicano em Vitória, Espírito Santo, durante a gestão de Jerônimo Monteiro (1908-1912). Fundamentada na perspectiva da Nova História Cultural, a investigação aborda as intervenções urbanísticas realizadas por meio das consequências percebidas do "Plano Uniforme de Melhoramentos e Embelezamento da Cidade de Victoria", o qual buscamos acessar por meio da reconstituição dos vestígios materiais e documentais deixados pelas alterações produzidas no cenário urbano. O estudo sustenta que as reformas urbanas tinham caráter pedagógico, direcionadas à educação dos sentidos e à forja de sensibilidades alinhadas aos ideais republicanos de civilidade, higiene e progresso. As transformações urbanísticas, como o alargamento de ruas, saneamento básico, criação de áreas verdes e ordenamento do comércio e da circulação, são analisadas não apenas como intervenções físicas, mas como dispositivos simbólicos e culturais fundamentais na construção de novos padrões de comportamento, beleza e saúde. Metodologicamente, a pesquisa mobiliza o que se convencionou denominar de paradigma indiciário, analisando fontes históricas diversificadas, tais como jornais da época, documentos oficiais, acervos fotográficos e inquéritos policiais. Essa abordagem permitiu identificar e interpretar as práticas cotidianas dos cidadãos, revelando resistências e adaptações às normativas oficiais, consideradas no estudo como táticas de permanência e negociação dos espaços urbanos. A tese revela que a modernização urbana em Vitória, durante a primeira República, pode ter representado um ambicioso projeto de educação dos sentidos e sensibilidades, cujo objetivo era formar cidadãos alinhados às expectativas republicanas de ordem, progresso e civilidade. Contudo, longe de ser um processo linear ou homogêneo, essa formação foi permeada por resistências e negociações diárias, evidenciando a complexidade intrínseca ao projeto republicano.
Palavras-chave: Cidade; Corpos; Sensibilidades; Educação republicana; Vitória.