Formação e experiência estética, artístico/cultural de docentes de Educação Física que atuam na Educação Infantil
Nome: VIRGINIA MIRANDA PEREIRA
Data de publicação: 15/12/2023
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| ZENOLIA CHRISTINA CAMPOS FIGUEIREDO | Orientador |
Resumo: O presente trabalho é fruto de uma pesquisa de mestrado, de abordagem qualitativa, com centralidade teórico-metodológica e epistemológica no âmbito do método biográfico, tendo por base o uso das abordagens narrativas biográficas de histórias de vida, à luz das contribuições de Josso (2004; 2007; 2010a; 2010b), Dominicé (2010), Delory-Momberger (2012; 2016), Bolívar (2002), Goodson (2019), Nóvoa (1995; 1997; 2012; 2017; 2019), Passeggi (2011; 2016), Souza (2006; 2014), entre outros. O objetivo geral é investigar os processos de formação dos professores de Educação Física para a docência na Educação Infantil, visando compreender de que maneira tecem e significam suas ações educativas, considerando as experiências formativas situadas nas dimensões estéticas, culturais e socioprofissionais, a partir de suas próprias narrativas. Para isso, como instrumentos para geração de dados, realizamos entrevistas narrativas com cinco professoras de Educação Física que atuam na Educação Infantil do município de Vila Velha/ES. O referencial teórico utilizado para orientar o campo empírico pesquisado foi desenvolvido tendo em conta a compreensão de que o processo de tornar-se professor de Educação Física de crianças pequenas requer buscar outras lógicas formativas, tendo como fio condutor as contribuições de Ayoub e Ehernberg, 2020; Figueiredo, 2004, 2010; Góes, 2021; Loponte, 2010, 2013, 2014, 2017; Loureiro, 2022; Ostetto, 2011; Ostetto e Silva, 2018; que, ao tratarem de forma ampla os processos de formação e constituição docente de professores, trazem para o campo a possibilidade de considerar a arte, a cultura e, por conseguinte, as experiências estéticas como elementos fundamentais e desafiadores desse processo. Apoiando-nos sobre essa perspectiva formativa, encontramos em Larrosa, 2002, 2017, 2022; e Josso, 2010a, 2010b; subsídios para pensar o par experiência/sentido e elaborar reflexões sobre o conceito de experiência, experiência formadora, bem como sobre o sujeito da experiência e da formação de professores de Educação Física. A análise das narrativas das “recordações-referências” dos professores colaboradores deste estudo foi inspirada no método de análise compreensiva-interpretativa preconizada por Souza (2006; 2014). A análise das “recordações-referências” nos permitiu identificar algumas “experiências formadoras” assentadas na dimensão estética e cultural da formação; em outros momentos, os acontecimentos da vida se distanciavam da possibilidade de “ter” e “fazer” experiências, algumas se aproximando da antiexperiência, do entretenimento e do automatismo, quando minam as possibilidades de leituras, de reflexão, de escuta dos modos de pensar do outro e das crianças. Assim, constatou-se que os caminhos do tornar-se professora que atua na educação de crianças implica o interesse em buscar mudanças e aprendizagens, em um movimento interior e exterior e que as agências de formação inicial e continuada precisam oferecer oportunidades de formação que possibilitem o engendramento de outros cantos de experiência. Por fim, o estudo potencializou a necessidade de olhar um pouco mais para a dimensão estética e cultural da formação, pois supomos que tais experiências possam colaborar, em alguma medida, para reconsiderar, por exemplo, as verdades que os sujeitos constroem sobre o mundo e sobre as coisas do mundo, ao passo que as manifestações/expressões da Arte, da Cultura e das experiências estéticas podem alargar os modos que os sujeitos pensam e se conectam ao conhecimento. Isso implica uma abertura e exposição maior dos sujeitos às experiências para, assim, construírem pensamentos que os ajudem a romper com alguns modelos formativos a que são submetidos ao longo de sua trajetória de vida e formação.
