Formação continuada e Educação das Relações Étnico-Raciais: as danças populares nas artes de fazer docente com a Educação Infantil
Nome: ERICA BOLZAN
Data de publicação: 11/12/2023
Banca:
Nome | Papel |
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ANDRE DA SILVA MELLO | Presidente |
ANTONIO CARLOS MORAES | Examinador Externo |
MARCOS GARCIA NEIRA | Examinador Externo |
RAFAEL GUARATO DOS SANTOS | Examinador Externo |
RODRIGO LEMA DEL RIO MARTINS | Examinador Externo |
Resumo: O objetivo central desta tese é analisar as artes de fazer docentes mediadas pela formação continuada em um contexto no qual as danças populares são tematizadas na perspectiva da Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER) e no enfrentamento ao racismo na Educação Infantil. Trata-se de um estudo qualitativo, que articula a pesquisa descritivo-interpretativa com a pesquisa-
ação colaborativa. São sujeitos da pesquisa descritivo-interpretativa 24 professores/as que atuam na rede pública municipal de Educação Infantil no município de Vitória/ES. Já na pesquisa-ação colaborativa, são 29 professores/as participantes de uma formação continuada voltada, via extensão universitária, para a ERER. Os resultados da pesquisa descritivo-interpretativa indicaram que os/as professores/as fazem diferentes usos das danças populares no contexto da Educação Infantil, pois, além de abordarem ritmos variados, apropriam-se delas para inserir as crianças na cultura local, contextualizando as manifestações que ocorrem nos bairros da Grande Vitória. Identificou-se que as danças, as cantigas, as cirandas e as brincadeiras de roda são utilizadas de maneira recorrente, perpassando diferentes práticas ao longo do ano letivo, mas ponderamos que a centralidade da criança e o seu protagonismo neste processo ainda se apresentam de maneira superficial. Ao mesmo tempo em que as danças populares são consideradas conhecimentos potentes e utilizadas pelos/as docentes na ERER, percebemos que há barreiras associadas às questões religiosas. Verifica-se que há resistência e preconceito das famílias em aceitar danças que tenham relação com as matrizes afrocentradas. Além desses desafios, os/as docentes sinalizaram a necessidade de formação específica, de mais recursos materiais e de aporte didático-pedagógico. Os resultados da pesquisa-ação colaborativa apontam que, pautados no aporte teórico-metodológico que associa a formação docente e a produção de conhecimento e na relação colaborativa entre os/as participantes da formação continuada, esse método oportuniza o protagonismo docente, mediado por relações horizontalizadas, pela co-decisão e pelas práticas de escrita reflexiva. As narrativas dos/as professores/as indicam que a pesquisa-ação colaborativa permite desenvolver a formação continuada como lugar coletivo para pensar as mediações pedagógicas relativas à ERER. Desse modo, o processo formativo acontece na interlocução entre formadores/as e formandos/as, havendo associação da universidade com a escola, essa última representada pelas práticas dos/as professores/as e caracterizada como lugar híbrido, de vínculo entre distintas realidades vividas por diferentes sujeitos que se encontram em formação. Ainda na pesquisa-ação colaborativa, foram identificadas e analisadas as artes de fazer dos/as professores/as com as danças populares para a ERER na Educação Infantil, práticas que foram provocadas pela formação continuada da qual participaram. Na elaboração de seus projetos, já realizados ou a serem desenvolvidos, os/as docentes mobilizaram diferentes linguagens e buscaram contemplar as agências infantis em suas práticas pedagógicas, tendo a literatura e as danças populares de matriz afro como os principais elementos mediadores para a ERER. Com base nesses resultados, afirmamos que as danças populares são manifestações culturais que viabilizam e potencializam a ERER na Educação Infantil.