Efeitos de um programa de exercício físico realizado em academia popular para pessoas idosas em parâmetros morfofuncionais, na qualidade de vida e no nível de atividade física de idosos
Nome: WELMO ALCÂNTARA BARBOSA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 08/08/2022
Orientador:
Nome | Papel |
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DANILO SALES BOCALINI | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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DANILO SALES BOCALINI | Orientador |
NATALIA MADALENA RINALDI | Examinador Interno |
RODRIGO VILLAR | Examinador Externo |
Resumo: Com a crescente prevalência da população idosa, a necessidade de implementação de políticas públicas bem como de intervenções direcionadas à essa população passaram a ser consideradas uma demanda com repercussão mundial. Contudo, as condições de acesso a espaços gratuitos para prática de atividade física vem se tornando cada vez mais desafiadora, sobretudo, pelo apoio a populações que frequentemente enfrentam barreiras para o acesso bem como dificuldades de atingir a dose mínima necessária de atividade física. Nessa perspectiva, embora as Academias Populares da Pessoa Idosa (APPI) sejam um programa de saúde pública consolidado para promover e facilitar o comportamento ativo, o programa ainda carece de informações sobre mudanças nos parâmetros psicofisiológicos com a utilização destes aparelhos. Além disso, a utilização das APPIs as informações a respeito da eficácia dessa estratégia em longo prazo ainda são inconsistentes. Desta forma o objetivo deste estudo foi descrever as repercussões psicofisiológicos com a realização de exercício com alteração na velocidade de execução e posteriormente avaliar o efeito de um programa de treinamento supervisionado com cadência controlada e não supervisionado realizados em APPI em parâmetros morfofuncionais, na qualidade de vida e no nível de atividade física de idosos. Para a realização desta dissertação, duas abordagens experimentais independentes foram utilizadas. Assim, assumiu-se duas fases experimentais que se configuraram em dois estudos. O primeiro (Estudo 1) constituiu-se na avaliação das alterações em indicadores psicofisiológicos de idosos submetidos a sessões de exercício com diferentes cadências de movimento em academias da terceira idade. O segundo (Estudo 2) dedicou-se a avaliar o efeito de 12 semanas de treinamento supervisionado e não supervisionado realizado em academia da terceira idade em parâmetros morfofuncionais e comportamentais de idosos e na qualidade de vida de idosos. No estudo 1, 15 idosos fisicamente independentes participaram voluntariamente em três sessões de exercícios de 30 minutos distribuídas aleatoriamente em: com cadência baixa (B: 1 movimento a cada 4 segundos), com cadência média (M: 1 movimento a cada 2 segundo) e com cadencia alta (A: 1 movimentos por segundo) com 30 "de estímulo e 30" de recuperação. Foram utilizados os seguintes equipamentos: elíptico, remador, surf e leg press. Foram avaliados a frequência cardíaca (FC), percepção de esforço (PE) e recuperação (PR), prazer (PP), número de movimentos (NM) antes e imediatamente após as três sessões. Foi encontrado diferenças (p<0,0001) para valores absolutos (L: 107 ± 12 < M: 130 ± 9 < H: 149 ± 5; bpm) e relativo (F = 49,49; p< 0,0001) na FC. A cadência B (60 ± 9%) apresentou valores menores que M (75 ± 3%) e A (91 ± 3%), que também diferiram entre si. Diferenças significativas (p <0,01) para a área abaixo da curva de PE (L: 75 ± 26, M: 115 ± 16, A: 154 ± 4) e PR (L: 173 ± 16, M: 139 ± 12, A: 97 ± 6; UA) foram identificados entre as cadências. Diferenças (p< 0,01) foram encontradas no NM (L: 435 ± 13 <M: 883 ± 191 <A: 1726 ± 53), PE após 30 min da sessão (L: 4,2 ± 0,7 < M: 5,7 ± 0,7 < A: 7,4 ± 0,5). Em relação ao PP, a cadência M (-4,29 ± 0,38%) proporcionou menor (p <0,01) redução do prazer em relação às cadências L (-21,43 ± 0,49%) e A (-48,81 ± 0,90%) que diferiram entre si. Para o estudo 2, 60 idosos fisicamente independentes foram distribuídos aleatoriamente em três grupos: Treinado com supervisão (n:20; TcS), Treinado sem supervisão (n:20; TsS) e grupo controle (N:20; C). Os idosos dos grupos TcS e TsS foram submetidos a um programa de 12 semanas, com exercícios realizados 3 vezes por semana por 30 minutos. Os sujeitos do grupo TcS foram submetidos a sessões semanais de 30 minutos compostas por 5 minutos de aquecimento (caminhar a 60% da FCmax), seguidas de 20 séries de 30 segundos, utilizando cadência moderada (M, 1 movimento a cada 2 segundos), controlada por metrônomo com 30 segundos de recuperação passiva entre as séries e cinco minutos de volta a calma, em dias não consecutivos. O grupo TsS foi orientado a frequentar livremente o espaço, contudo, treinaram espontaneamente utilizando apenas os equipamentos propostos pelo estudo. Os seguintes equipamentos foram utilizados: elíptico, remo, surf e leg press. Adicionalmente, ao grupo controle foi indicada a manutenção das suas rotinas cotidianas durante todo o período de investigação. Os seguintes parâmetros foram avaliados: massa corporal, índice de massa corporal, espessura dos músculos bíceps braquial, tríceps braquial e vasto lateral, a capacidade funcional pelos testes caminhar 10m (C10m), levantar-se a partir de uma posição sentada (LPS), levantar-se a partir da posição pronada (LPP) e levantar-se da cadeira e deslocar-se pela casa (LCDC), qualidade de vida considerando os domínios físico (DF), psicológico (DP), ambiental (DM) e social (DS) e, por fim, o nível de atividade física (AF). Não foram encontradas alterações significativas (p> 0,05) na massa corporal, IMC e na espessura muscular entre os grupos e após o período de intervenção. Contudo, considerando os testes de aptidão funcional, efeitos significativos no tempo, nos parâmetros C10m (F= 4,185, p= 0,0469), LPDV (F= 14,90, p< 0,0004), LPS (F=17,56, p< 0,0001), LCLC (F=51,40, p< 0,0001) e IG (F=50,51 p< 0,0001), foram encontrados somente no grupo TcS. Considerando os valores relativos à qualidade de vida, efeitos significativos no tempo, nos domínios DF (F=78,45; p< 0,0001), DP (F=101,6; p< 0,0001), DS (F=54,60; p< 0,0001) e DA (F=21,68; p< 0,0001), foram encontrados, com destaque na interação em todos os parâmetros, somente nos grupos TcS e TsS. Efeito no tempo (F= 1030, p>0,0001) e na interação (F= 215, p>0,0001) foram encontrados no tempo semanal de atividade física somente nos grupos TcS e TsS após o período de intervenção. Em conclusão, para o estudo 1, o desempenho de diferentes cadências induziu diferentes respostas nos indicadores de carga de treinamento em proporção à sua velocidade de execução em idosos submetidos à sessão de exercícios nas APPI. Porém, a cadência moderada proporcionou um aumento da FC, com valores considerados seguros para a realização do exercício. Já para o estudo 2, a realização de 12 semanas de treinamento utilizando equipamentos da APPIs melhorou a percepção de qualidade de vida e o nível de atividade física sem promover alterações em parâmetros antropométricos e na espessura muscular de idosos dos grupos TcS e TsS. Contudo, o treinamento supervisionado foi considerado superior em promover melhora da aptidão funcional de idosos.
Palavras chaves: idoso, envelhecimento, exercício físico, promoção de saúde, academia popular.