Influência das vias de oxidação lipídica e perfil metabólico sobre o desempenho físico de ratos resistentes à obesidade

Nome: JÓCTAN PIMENTEL CORDEIRO
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 10/11/2021
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ANDRÉ SOARES LEOPOLDO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANDRÉ FERREIRA DO NASCIMENTO Examinador Externo
ANDRÉ SOARES LEOPOLDO Orientador
FABIANO KENJI HARAGUCHI Examinador Externo
LUCAS GUIMARÃES FERREIRA Examinador Interno
RICHARD DIEGO LEITE Examinador Interno

Resumo: A resistência à obesidade (ROb) está associada à interação complexa de diversos fatores metabólicos e ambientais e confere a capacidade de menor ganho de peso e deposição de gordura corporal mesmo ao ingerir dietas com alto teor calórico. Fenótipos magros são observados em alguns indivíduos e em outros não, mesmo com padrões alimentares e nível de atividade física similares. Mesmo ainda havendo lacunas na literatura sobre os processos metabólicos que expliquem a ROb, há indícios que suportam a hipótese que animais ROb são mais ativos fisicamente devido a maior capacidade de geração de energia proveniente da oxidação lipídica. Animais com melhor eficiência das vias de oxidação lipídica podem apresentar menor deposição de gordura corporal e, consequentemente, desenvolver maior desempenho físico. O objetivo do presente estudo foi investigar o conteúdo de proteínas responsáveis pelo transporte de lipídeos até as mitocôndrias, bem como as principais proteínas reguladoras da β-oxidação e do ciclo de Krebs nos músculos esqueléticos na condição de ROb. Em adição, analisar se ratos ROb apresentam maior desempenho físico quando submetidos à testes de esforço máximo. Foram utilizados ratos Wistar (n = 100) com 30 dias de idade, os quais foram submetidos ao protocolo de indução (3 semanas) e manutenção da obesidade (8 semanas), totalizando 11 semanas consecutivas. Os ratos foram randomizados em dois grupos: a) DP: alimentados com dieta padrão (n = 50) e b) DH: alimentados com dieta hiperlipídica saturada (n = 50). Por meio de tercil os animais foram redistribuídos em 4 grupos: Controle (C), Falso Controle (FC), Obeso (Ob) e Resistente à Obesidade (ROb). Os animais foram submetidos aos testes de esforço físico máximo (velocidade máxima em esteira rolante acoplada a analisador de gases) para determinação do consumo de oxigênio e o quociente respiratório. Marcadores específicos da oxidação lipídica foram quantificados por meio da técnica Western Blot. A massa corporal, índice de adiposidade (IA), perfis nutricionais, bioquímicos e metabólicos foram determinados. As concentrações plasmáticas dos hormônios adiponectina, insulina e leptina foram avaliadas por ELISA. As características morfométricas do tecido adiposo e músculo esquelético foram avaliadas post mortem por estudos macroscópicos e microscópicos. A comparação dos grupos experimentais foi realizada por ANOVA (um e dois fatores), complementada com teste de comparações múltiplas de Tukey. O nível de significância considerado foi de 5%. Os grupos Ob (489 ± 34 g) e FC (467 ± 22 g) apresentaram valores elevados de massa corporal final em relação ao C (366 ± 34 g) e ROb (366 ± 27 g). A ROb apresentou menores depósitos de gorduras epididimal, retroperitoneal, visceral, somatório dos depósitos de gordura e IA comparadas ao Ob. A ROb (26,6 ± 4,63 mg/dL) apresentou valores similares ao C (23,3 ± 2,98 mg/dL) e maiores de HDL que os FC (22,1 ± 2,16 mg/dL) e Ob (21,8 ± 3,12 mg/dL). No teste de tolerância à glicose, os ratos ROb (212 ± 51,9 mg/dL) e C (185 ± 62,8 mg/dL) apresentaram valores similares e ambos menores que os Ob após30 minutos (228 ± 35,0 mg/dL) de sobrecarga glicêmica. A Ob (1986 ± 199 mg/dL/min) promoveu maiores valores que o C (1598 ± 443 mg/dL/min) na área sobre a curva glicêmica. A atividade física espontânea não diferiu entre os grupos. No entanto, no teste físico de velocidade máxima, o grupo ROb (17,3 ± 12,3 min) apresentou melhor performance na duração dos testes que o Ob (12,8 ± 9,01 min). Os resultados de consumo máximo de O2 (C: 25,5 ± 0,07 mL/kg.min; FC: 32,4 ± 10,1 mL/kg.min; Ob: 30,0 ± 15,4 mL/kg.min; ROb: 28,4 ± 5,33 mL/kg.min) e quociente respiratório (C: 0,91 ± 0,19; FC: 0,87 ± 0,34; Ob: 0,90 ± 0,24; ROb: 0,71 ± 0,34 VCO2/VO2) não apresentaram diferenças significativas entre os grupos. O grupo ROb apresentou maior conteúdo proteico de PPARγ em relação ao C e Ob, respectivamente. Em adição, os níveis de leptina e insulina foram similares ao C. As proteínas LHS no tecido adiposo visceral e UCP-3 no músculo esquelético sóleo não apresentaram diferenças significativas entre os grupos. Os resultados do presente estudo não evidenciam que animais ROb apresentam maior capacidade oxidativa de lipídios com consequente melhora do desempenho físico. Contrariando as hipóteses aqui levantadas, os achados apontam que animais ROb apresentam a capacidade de resistir ao desenvolvimento da obesidade, porém, as evidências são insuficientes para afirmar que essa capacidade está diretamente relacionada a maior eficiência metabólica e oxidativa.

Palavras-Chave: Oxidação lipídica; Desempenho físico; Obesidade; Resistência à obesidade.

Acesso ao documento

Acesso à informação
Transparência Pública

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910