Sumario: A pergunta que move esse projeto é como as relações sociais de gênero e a sexualidade interferem na adesão e permanência, bem como, nas experiências esportivas das pessoas? Em outras palavras, nos perguntamos como corpos se acomoda, negociam, transgridem e transformar discursos culturais que normalizam espaços de participação e não participação esportiva. Para esta reflexão deixaremos de lado as discussões no que tange as diferenças sociais assumidas a partir de marcadores biológicos, por considera-las insuficientes para explicar tal fenômeno. Buscaremos então apoio nas pesquisas mais recente que vão discorrer sobre as desigualdades existente entre homens e mulheres, operaremos a partir de uma ótica que busca entender o marcador social gênero para além da perspectiva da performatização de papeis femininos ou masculinos, o que nos livra de cairmos mais uma vez na armadilha da dicotomização que aprisiona em dois polos únicos, o que é ser mulher ou homem (Louro, 1997).
Desta maneira, buscamos compreender como a percepção sobre os papeis sociais assumidos por determinado sujeito é recheada de perturbações, negociações e transgressões baseadas em relações de poder, dadas através, dos discursos, dos códigos, das práticas, dos símbolos, das instituições. Este poder produz não somente corpos, mas tornam também comportamentos apropriados ou não apropriados, corpos e posturas consideradas normais, em contraposição aquelas abjetas, estas relações também os hierarquizam. O poder então “não apenas nega, impede, coíbe, mas também faz, produz, incita” (Louro, 1997 p 24). E é a partir desse emaranhado de mecanismos que se constroem percepções sobre o que é ser homem e mulher e que consecutivamente é operacionalizado e reproduzido em discursos diários sobre o lugar da mulher ou do corpo não normativo ou queer nas instituições esportivas, cujo imaginário ainda é marcado pelo universo masculino (MESSNER, out of play, p. 17).
Perceber que os corpos são produzidos e classificados por discursos a todo momento implica assumir que, na contemporaneidade, são diversas as clivagens que fazem com que nos compreendamos como pessoas (BUTLER, 2004; HALL, 2008). O exercício de incorporar essas clivagens e traduzi-las, nos torna plurais, de modo que rotineiramente nos tornamos inteligíveis socialmente. Essas construções, no entretanto, não são feitas de forma homogênea entre nós, pois a matéria prima necessária para tal não é algo dado a priori, ou algo que alguém adquire. Essa incorporação é uma produção e reprodução contínua e cotidiana, ou seja, não se trata de um papel que alguém assume ou absorve na infância; é um processo multilateral e social, que é parte das interações e ações cotidianas, das instituições e do universo simbólico que nos rodeia (MESSNER, 2011). As barreiras e interdições não significam inexistência, mas apenas invisibilidade e silenciamento. Portanto, buscamos a partir das experiências de presenças e marginalidades investigar a potencialidade dos corpos não normativos no espaço esportivo para a sua transformação.

Fecha de início: 16/05/2019
Plazo (meses): 24

Participantes:

Papelorden descendente Nombre
Coordinator * MARIANA ZUANETI MARTINS
Transparência Pública
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