IMPLANTAÇÃO E MONITORIZAÇÃO DE PROTOCOLO PARA ATENDIMENTO DE PACIENTES SÉPTICOS GRAVES E ESTUDO DE NOVOS BIOMARCADORES

Resumo: A sepse é uma síndrome clinica que provoca disfunção em múltiplos órgãos resultante de infecção microbiana e de
resposta sistêmica imunológica com alterações na atividade dos mediadores da inflamação, coagulação, sistema do
complemento e metabolismo celular (Calvano et. al, 2005). As principais variáveis fisiopatológicas determinantes no
desenvolvimento e progressão da sepse são as características do agente infectante (carga e virulência) e do
hospedeiro (fatores ambientais, genéticos, estado imunológico e co-morbidades) (Angus 2013; Russel, 2013).
A liberação sistêmica de citocinas inflamatórias (TNF-α, IL-6 e IL-1β) provoca vasodilatação, que leva à
queda da pressão sanguínea juntamente com aumento da permeabilidade vascular, e consequentemente, redução do
volume sanguíneo levando ao choque séptico e insuficiência de múltiplos órgãos. Neste, a liberação massiva de
TNF-alfa ativa a coagulação intravascular disseminada com formação de trombos na microcirculação, a qual consome
extensivamente fatores de coagulação, com consequente hemorragia, provocando falha na perfusão sanguínea de
órgãos vitais. Tal evento culmina em oferta inadequada de oxigênio aos tecidos, contribuindo para o aumento do
metabolismo anaeróbico e a hiperlactatemia, considerada marcador chave de falência de órgãos (Henkins et al. 2009).
Além destes efeitos, citocinas inflamatórias atuam nos hepatócitos, que sintetizam e secretam proteínas de fase aguda,
como proteína C reativa (PCR) e procalcitonina (PCT), capazes de se ligarem a diversos patógenos e ativarem o
complemento (Lobo e Lobo, 2007).
A disfunção de múltiplos órgãos e o choque séptico ainda representam importantes causas de morte de pacientes nas
UTIs. O estudo de Kumar e cols (2006) demonstraram que a demora na introdução do tratamento antibiótico adequado
foi associada a um aumento da mortalidade nos pacientes com sepse. Além disso, a mortalidade destes pacientes
poderia ser reduzida com a introdução precoce da terapia específica para sepse, Early goal-directed therapy, bem
descrita por Rivers et al (Rivers et al. 2001). Portanto, em 2012, um comitê que incluiu 30 organizações internacionais
representados por 68 especialistas na área publicou o consenso intitulado de Survival Sepsis Campaign (Dellinger et al.
2013) recomendando uma abordagem precoce semelhante ao referido autor, e o início de antibiótico de amplo espectro
dentro da primeira hora do diagnóstico. No Brasil, dados do último relatório do ILAS (2015) ainda mostram uma baixa
adesão a este protocolo nos hospitais públicos e privados (39,6 e 14%). Estes resultados refletem nas elevadas taxas
de mortalidade encontradas em nosso país, especialmente nos hospitais da rede pública, onde a adesão é ainda pior.
Portanto, a implantação de protocolos de sepse gerenciados associados a uma estratégia de educação permanente é
mandatória na tentativa de reverter tais resultados em hospitais públicos.
O reconhecimento do diagnóstico precoce, severidade da síndrome sistêmica bem como uma melhor estratificação dos
pacientes com quadros mais críticos são de grande importância à identificação daqueles com maior risco de morte.
Neste contexto, os biomarcadores laboratoriais e escores clínicos para o diagnóstico precoce da doença séptica pode
ser de notável significância clínica. Contudo, os biomarcadores disponíveis mais utilizados na rotina médica, proteína C
reativa (PCR), procalcitonina (PCT) e Lactato, possuem limitada especificidade e sensibilidade (Lobo et al, 2007; Chan
et al, 2011, Pierrakos et al, 2010). Portanto, na falta de um padrão ouro para o diagnóstico da sepse, há uma
necessidade excepcional do desenvolvimento de biomarcadores capazes de diagnosticar precisamente a sepse e
identificar seu estágio e gravidade. Estudos recentes têm proposto a utilização de novos biomarcadores, incluindo a
análise dos miRNAs circulantes. Devido a suas características, os miRNAs tem se tornado moléculas promissoras
como biomarcadores em diversas doenças.

Data de início: 09/05/2018
Prazo (meses): 72

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador VALERIO GARRONE BARAUNA
Acesso à informação
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